quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Porque os cristãos foram perseguidos?


Observaste o procedimento correto, caro Plinio, lidando com os casos daqueles que foram denunciados a ti como cristãos. Pois não é possível estabelecer uma regra geral para servir de parâmetro. Eles não devem ser perseguidos. Se eles forem denunciados, e for provada a culpa, eles deverão ser punidos, com esta ressalva, qualquer um que negar que é cristão, e provar isso, istoé, adorando os nossos deuses, mesmo que tenha sido suspeito no passado, obterá perdão mediante seu arrependimento. Mas acusações anônimas não devem ser admitidas nos processos. Por isso, além de perigoso, não se coaduna com o espírito de nossa época. [Imperador Trajano para Plínio, o Moço; em Cartas 10:97]
A carta acima, escrita em 110 DC, faz parte da ampla correspondência entre o Imperador Trajano (98-117 DC), e Plínio, o Moço, então governando a província da Bitínia. Entre os assuntos tratados, está a questão dos cristãos. Como já discutimos aqui, Plínio encontrou um grande número deles na província, e não sabendo muito bem o que fazer, e tendo recebido algumas denúncias, interrogou os acusados. Os que confessaram (ser cristãos), foram interrogados segunda e terceira vez, agora sob ameaça, e os que não se retrataram foram executados (ou enviados a Roma, se fossem cidadãos romanos), pois como o próprio Plinio afirma "independente da natureza de sua crença, teimosia e obstinação inflexível certamente merecem punição".
Em certo momento, entretanto, Plínio começa a questionar: "devo puni-los apenas porque usam o nome de cristãos, ou há algum crime associado ao nome que mereça punição?". Para esclarecer suas dúvidas, interroga cristãos que se retrataram ou tinham abandonado o grupo anos antes, e descobre os "horríveis segredos" da seita :"se reuniam num dia fixo, antes de nascer do sol, cantar um cântico a Cristo como seu deus, e se comprometiam sob juramento, não com algum crime, mas a abandonar o furto, o roubo, o adultério, a infidelidade e não se apossar dos bens a eles confiados. Findos estes ritos, tinham o costume de se separarem e de se reunirem novamente para uma refeição comum e inocente". E mesmo essas reuniões "secretas" deixaram de ser realizadas quando "após a publicação de um edito teu onde, segundo as tuas ordens, se proibiam as associações secretas". Plínio, inconformado, e ainda incrédulo, entende ser necessário "extrair a verdade", e manda interrogar duas escravas, que eram líderes cristãs, chamadas diaconisas, sob tortura (como rezava o bom direito romano de então), e, se torna ainda mais perplexo em descobrir que embora se tratasse de uma superstição depravada, disso ele tinha certeza, dificilmente podia ser considerada perigosa, pois não era subversiva ou revolucionária, ou de alguma forma criminosa. Plínio decide então suspender o inquérito e pergunta a Trajano, O que eu faço agora?

Trajano endossa a percepção de Plínio, e acrescenta que os meios estatais não deveriam ser utilizados contra os cristãos, uma vez que nenhum crime ou ameaça concreta estavam associados ao grupo . Somente se provocados os oficiais romanos deveriam agir. E denúncias anônimas sequer deveriam ser consideradas. Mesmo após a denúncia, todas as oportunidades eram concedidas para que o acusado se livrasse do castigo. Trajano enfatiza que o que se demandava dos cristãos, se denunciados, é que obedecessem as determinações dos magistrados e adorassem aos deuses romanos.

Se como diz Plínio os cristãos não ofereciam perigo (e inclusive faziam juramentos de não fazer o mal), pode-se questionar a lógica de tal orientação, afinal:
Mas porque os cristãos foram perseguidos?
Paula Frederiksen, Professora da Universidade de Boston, explica que as primeiras perseguições contra os cristãos foram aleatórias, esporádicas e locais. Em muitos casos, os cristãos tinham relativa liberdade, até mesmo visitando e assistindo seus irmãos de fé presos, havendo casos de pessoas que mesmo sob custodia, como Inácio de Antioquia, visitavam igrejas. Isso ilustra o que o esta escrito com todas as letras na correspondência entre Plinio e Trajano: ser cristão não era motivo para alguém ser preso [1].

Já o Professor Graeme Clarke, da Universidade Nacional da Austrália, observa que a natureza não sistemática e esporádica das perseguições aos cristãos era semelhante a observada contra outros grupos considerados exóticos (astrólogos, adivinhos, magicos e assemelhados). Os cristãos estavam ipso facto, potencialmente, no lado errado da Lei, mas para que houvesse perseguição efetiva havia necessidade de que as circunstâncias locais favorecessem essa possibilidade, especialmente como resultado de agitação popular (tanto de fervor religioso, ou medo causado por terremotos, secas, inundações, praga ou fome), e, até, ocasionalmente, a própria ousadia de alguns cristãos. Em todo, continua o Prof. Graeme, era a pressão de baixo, da base que causava tais episódios, e não a iniciativa imperial. A atitude imperial era passiva até confrontar-se com um caso ou casos particulares, e estava geralmente confinada ao nível local e provincial. As fontes posteriores tenderiam a universalizar e exagerar as perseguições dos cristãos, o que não correspondeu a realidade ao longo do II e primeira metade do III século.[2]

As fontes pagãs e cristãs fixam como início da perseguição romana aos cristãos o reinado de Nero (54-68 DC), posteriormente ao grande incêndio de Roma em 64 DC [3] Professor Herbert Benario, Emory University, observa que os por conta de sua recusa a adorar o Imperador, seu estilo de vida, e suas reuniões "secretas", não eram muito populares. Além disso dois de seus maiores mestres estavam em Roma, Pedro e Paulo. Assim, continua Benario, eles eram "bodes expiatórios" perfeitos. Individuos a qual a maioria dos romanos desprezavam, e que nutriam crenças "estranhas". Nero planejou tudo com precisão e crueldade. Cristãos foram expostos a bestas selvagens, incendiados. Contudo, as execuções foram tão cruéis que acabaram despertando a compaixão da população. Assim, conclui Benario a tentativa de Nero de desviar as suspeitas acabou se voltando contra ele, sua popularidade, até mesmo entre os mais humildes, foi irremediavelmente prejudicada [4]

Após a morte de Nero (68 DC), seguiu-se uma Guerra Civil. O ano de 69 teve quatro imperadores (Galba, Vitélio, Oto e Vespasiano). Ao final daquele ano, Vespasiano (69-79 DC), conseguiu controlar a situação, inaugurando a dinastia Flaviana, ao ser sucedido por seu filho Tito (79-81). Durante esse período, o império parecia ter esquecido os cristãos, cujo número só aumentava. No ano de 81, Domiciano sucedeu Tito. Seus primeiros anos de reinado foram tão benignos aos cristãos quanto haviam sido seus antecessores. Mas no final de seu reinado (95-96 DC) desabou a perseguição, que parece ter sido inicialmente direcionada contra os judeus. Uma vez que o Templo de Jerusalém havia sido destruido na Guerra Judaico Romana de 66-73 DC, Domiciano determinou que a oferta anual dos judeus enviada a Jerusalém deveria ser destinada ao Tesouro Imperial. Muitos resistiram, e o Imperador reagiu violentamente. Como, à época, a distinção entre judeus e cristãos não estava completamente estabelecida, os servidores imperiais começaram a perseguir todos os que praticavam "costumes judaícos", atingindo ambos os grupos. [5]

Embora basicamente restrita a cidade de Roma e a Asia Menor (na atual Turquia), ela atingiu até a família imperial. Domiciano mandou executar seu primo, o Consul Flavio Clemente, e mandou para o exílio Flávia Domitila, esposa dele, e puniu também vários nobres, sob a acusação de "ateismo" (negação dos deuses romanos estabelecidos, acusação recorrente contra os cristãos) e "costumes judaicos". Provavelmente, entre esses nobres haviam conversos do judaismo e cristianismo. A perseguição durou pouco mais que um ano. Logo Domiciano seria assassinado (96 DC), e assim como Nero, o Senado Romano o declarou tirano, ordenando que seu nome fosse apagado de monumentos e inscrições. [5]


Tertuliano (cerca 200 DC) faz uma referência a um édito de Nero contra os cristãos, que foi sido utilizado por Domiciano, embora de forma mais branda e por um breve período:

"Consultai vossas histórias. Verificareis que Nero foi o primeiro que atacou com seu poder imperial a seita Cristã, fazendo isso, então, principalmente em Roma. Mas nós nos gloriamos de termos nossa condenação lavrada pela hostilidade de tal celerado porque quem quer que saiba quem ele foi, sabe que nada a não ser uma coisa de especial valor seria objeto da condenação de Nero. Domiciano, igualmente, um homem do tipo de Nero em crueldade, tentou erguer sua mão em nossa perseguição, mas possuía algum sentimento humano; logo pôs um fim ao que havia começado, chegando a restituir os direitos daqueles que havia banido. (...) Que Trajano por muito tempo tornou nula proibindo procurar os cristãos? Que nem Adriano, embora dedicado no procurar tudo o que fosse estranho e novo, nem Vespasiano, embora fosse o subjugador dos Judeus, nem Pio, nem Vero, jamais as puseram em prática? " [6]

Muito se discute em relação a esse Édito de Nero e sua utilização pelos seus sucessores. Maurice Crouzet observa que, em todo caso, Trajano reduziu significativamente sua eficácia ao proibir tanto as denúncias anônimas, quanto ao instruir que os cristãos não deveriam ser procurados. Posteriormente, Adriano (118-137 DC) tornou o edito de Nero efetivamente letra morta ao determinar que somente ofensas objetivas a Lei deveriam ser analisadas, e não o simples fato do acusado ser cristão [7]. Mas, ainda assim, como vimos, a recusa em adorar aos deuses diante de um tribunal era uma ofensa a Lei, e essa parece ter sido a "ofensa a Lei" que levou muitos cristãos a execução. Em todo o caso, não há notícia de perseguição organizada contra os cristãos por Vespasiano e Tito, sendo provavél que as orientações de Trajano a Plínio fossem apenas a formalização de uma política já adotada por seus antecessores. Que foi seguida, em linhas gerias, pelos imperadores Adriano e Antonino Pio (138-161 DC). Logo, Nero e Domiciano foram uma excessão a regra.

Dois aspectos estão ligados a perseguição aos cristãos. O primeiro era a desconfiança de Roma relativa as associações voluntárias, o que englobava não só o cristianismo mas também grupos como astrólogos, adivinhos, mágicos e algumas religiões de mistério. A segunda, e mais séria, é a questão do culto público ao Imperador e aos deuses ancestrais.

Em sua Carta, Plínio relata a Trajano que havia dado curso a seu edito que proibia as associações secretas, o que atingira aos cristãos, que tiveram de alterar sua forma de se reunir. Existia o costume de grupos ligados por interesses comuns (corporativos, religiosos, funerários) se associarem em "Collegium". Tais associações eram comuns, necessárias e disseminadas no Império, mas também eram acompanhadas de perto, pois podiam "degenerar" em objetivos políticos. Por isso a preocupação de Plínio, com rigor um tanto excessivo, empregando até mesmo tortura, em se assegurar que os cristãos não representavam risco ao estado.

Professores John D. Crossan e Jonathan Reed relatam outro episódio que deixa isso claro.
"Plínio pedira permissão para organizar um "collegium" para cerca de 150 bombeiros na cidade de Nicomédia. Incêndios haviam danificado o Templo de Ísis e o santuario da deusa Men. Plínio esperava receber permissão para criar uma brigada de combate ao fogo, assegurando a Trajano que "não seria difícil manter sob observação tão pequeno número de homens" (Cartas 10:33). Mas como as próprias cartas atestam, Trajano nega o pedido e explica as razões:
"Quando as pessoas reunem-se com propósitos comuns, não importando o nome que lhes demos nem as razões que possam ter, logo transformam essa reunião em clube político. A melhor política será providenciar equipamentos e ensinar os proprietários a usa-los, pedidndo
ajuda de outros se acharem necessário". (Cartas 10:34)
Incêndios poderiam ameaçar propriedades e vidas, mas não podiam ameaçar as regras imperiais de integração da política com a religião enquanto sutíl e única operação de poder
[8]
Assim, existia a preocupação dos oficiais romanos com o carater basicamente associativo dos cristãos. Contudo, essa preocupação existia com outros cultos e a postura típica era vigiar, controlar, acompanhar, monitorar, mas raramente proibir ou utilizar os recursos do estado para perseguir. Trajano sabia que os cristãos existiam, que eles se associavam em caráter "secreto", que estavam em grande número (Plínio diz que o "contágio" do cristianismo tinha sido tal que os Templos tinham ficado desertos e os ritos religiosos negligenciados, mas que ele estava resolvendo a situação), mas orienta que não deveria haver esforço para elimina-los. Eles não ofereciam risco e não eram motivo de maiores preocupações.

O segundo, e mais importante, motivo para a perseguição aos cristãos passa pela relação entre a religião e o estado romano, como Crossan e Reed, descrevem:
"A religião romana pertencia ao estado, existia para ele e, portanto, era por ele controlada. A obras "Das Leis" de Cicero, expressa a atitude romana consensual de que "ninguém deve ter deuses para si mesmo, sejam deuses novos, ou estrangeiros, a não ser que o estado os reconheça". Essa idéia explica as tensões crônicas e repressões períodicas depois da entrada de elementos religiosos estrangeiros em Roma. Dois exemplos são suficientes . O Império reprimiu certas devoções do Dionisio grego, o Baco Romano, e outras ligadas a mãe e deusa anatólia, Cibele, a Magna Mater" [9]

Existiam, literalmente, centenas de divindades, cultos e seitas no Império. Contudo, interesses religiosos e políticos caminhavam juntos, e, quando necessário, os deuses de Roma e o culto ao Imperador deveriam ser atendidos, para manutenção do bem do Império. "Ninguém deve ter deuses para si mesmo".

Paula Fredriksen observa a necessidade, na concepção vigente na Roma pagã, de se honrar os deuses locais, associados as cidades e povos do Império. Cada pessoa, não importa suas inclinações pessoais, devia ser leal aos deuses e práticas religiosas de seus ancentrais.

"O problema, então, do ponto de vista da cultura dominante, não era que cristãos gentios fossem "cristãos". O problema era que, seja quais fossem as práticas religiosas que essas pessoas escolhessem seguir, elas ainda eram, para todos os efeitos, "gentias". Quer dizer, os cristãos permaneciam como membros de de um genos (povo) ou natio (nação) particular, com obrigações para com os deuses de seu "genos", que eram os deuses da maioria das pessoas. Do final do primeiro século até cerca de 250 da era cristã, estes cristãos poderiam sofrer dos ressentimentos e ansiedades locais, precisamente porque eles não estavam honrando os deuses da qual a prosperidade de sua cidade dependia. Como na famosa reclamação de Tertuliano "Se as inundações do Tibre atingem os muros, se as [cheias] do Nilo não atingem os campos, se os céus não se movem ou se a Terra o faz, se há fome ou peste, o grito logo se faz ouvir "Lançem os cristãos aos leões" (Apologia 40.2). Judeus cristãos praticamente não eram perseguidos, porque como judeus a não participação do culto público era uma prática antiga, tradicional e protegida por sólida jurisprudência. Obrigação ancenstral era o que importava." [10]

A vida com uma espada na cabeça: O efeito prático da política de Trajano foi que os cristãos tinham relativa tranquilidade, até que alguém tivesse disposição suficiente em acusa-los publicamente, ou que algum administrador provincial, zeloso de suas funções, decidisse reforçar o culto público ao imperador, ou que um Imperador quissesse dar mais ênfase as velhas tradições e ao culto aos deuses, ou que catástrofes levassem a população a achar que o favor dos deuses devesse ser reconquistado, castigando os "ateus" e "impíos" cristãos. Os epísodios de perseguição eram esporádicos e curtos mas, frequentemente, muito violentos.
Professor Stephen Benko, da Universidade da Califórnia, em seu livro "Pagan Rome and Early Christians", apresenta um exemplo que ilustra muito bem o que falamos acima:
"Em algum momento durante o reinado do Imperador Antonino Pio (86-161 DC), uma senhora casada tornou-se cristã, ainda que seu marido não tenha se convertido. Posteriormente, diferenças irrenconciliáveis surgiram entre os dois, e a mulher se divorciou de seu marido. Ele fez isso, simplesmente, dando a ele um repudium, istoé, uma carta de divórcio. O marido amargurado denunciou então sua ex-mulher as autoridades, sob acusação de ser uma cristã. Imediatamente, ela foi presa, mas o Imperador lhe concedeu liberdade provisória, para que coloca-se sua vida em ordem, antes de comparecer ao tribunal para responder as acusações. Então, seu ex-marido denunciou o instrutor dela na fé cristã, um homem de nome Ptolemaeus, que também foi preso, acorrentado, e levado para prisão, e suportou um longo período maus tratos. Finalmente, o dia de seu julgamento chegou, e ele foi levado diante do Juiz, Urbicus. Urbicus fez uma unica pergunta a Ptolemaeus: "Tu és cristão?" Quando ele respondeu afirmativamente, ele foi condenado a morte, e como sentenças de morte eram aplicadas imediatamente, levado para a execução. Um certo Lucius, que testemunhou o julgamento, levantou-se indignado e gritou para o Juiz: "Porque aplicaste esta sentença? Foi esse homem acusado de um crime? Por acaso, ele era um adúltero, assassino, ou ladrão? Ele apenas confessou ser cristão? Urbicus então respondeu "Parece que és cristão também!" "Sim", disse Lucius, "eu sou". Prontamente, Urbicus mandou que fosse executado. Um terceiro cristão, também se apresentou, e recebeu a mesma sentença. Justino, o filósofo, e posteriormente, martir cristão (100 - 165 DC) soube desse episódio, e em protesto escreveu uma carta ao Imperador, que sobreviveu sob o nome de Segunda Apologia [11]
Ou seja, a mulher mancionada acima, Ptolemaus, Lucius e o terceiro cristão não identificado, podiam viver suas vidas de forma relativamente tranquila, manter casamento com incrédulos, ensinar o cristianismo, assistir procedimentos do forúm, por anos a fio, sem serem molestados. Contudo, caso tivessem inimigos dispostos a acusa-los publicamente diante das autoridades, e, dependendo da rigidez dos juízes, poderiam ter como destino a execução. Era uma condição que poderia até ser tranquila, mas sempre precária. A qualquer momento, uma denúncia podia levar a prisão e a morte. Entre as testemunhas dessa situação, esta um papiro (P. Ox XLII.3035), proveniente do Egito, que traz uma ordem de prisão, de 28 de fevereiro do ano 256, contra um certo "Petosorapis, filho de Horus, Cristão", residente na vila de Mermertha [12].

As Grandes Perseguições: Frederiksen observa que mesmo a primeira perseguição coordenada e universal, sob o Imperador Décio (249-251 DC), não marcou uma ruptura total com a politica anterior. Após décadas de crises, guerras civis e tumultos que atingiram o Império, Décio determinou que todos os cidadãos participassem do culto público, que envolvia sacrifícios e homenagens dedicadas ao Imperador. Apesar do grande número de supliciados, Décio não proibiu ou tentou exterminar o cristianismo (alías, nenhum Imperador o fez). Ele "apenas" ordenou que os cristãos gentios, quaisquer que fossem suas práticas peculiares, também observassem os ritos que, acreditava-se, asseguravam a boa vontade dos deuses (e os que não recusaram a cumprir a ordem, cristãos ou não, foram cruelmente torturados, até que o fizessem). O objetivo não era uniformidade religiosa, mas a "preservação" do "bem comum" [13]. Décio morreu em 251, e houveram algumas outras tentativas de reviver a perseguição contra os cristãos, por exemplo, sob o Imperador Valeriano entre 258-260 DC, mas com a ascensão do Imperador Galieno (260-268), houve um período de quase 40 anos de relativa paz para a Igreja, até a extremamente sangrenta "Grande Perseguição" dos cristãos sob o Imperador Diocleciano (284-305 DC) em 303. Conforme observa Frederiksen, quando a "Grande Perseguição" começou, uma grande Basílica ficava no caminho do Palácio de Diocleciano [13].

Crossan e Reed, complementam:
"À mente latina esses cultos iam além dos limites da religião apropriada e eram considerados "superstitio" , superstição. Roma queria dizer com isso não que eram a mesma coisa que magia, mas que se situavam além da crença. Superstição era o excesso imoderado e incontrolável a apenas uma forma de sagrado" [14]

Os cristãos dedicavam sua crença, de forma "imoderada" e "incontrolável" a apenas a uma forma de sagrado, o Cristo, que os desvinculava do culto de Roma ao Imperador e dos deuses de seus ancestrais. Logo, seu culto pode ser citado como um exemplo bem acabado de superstição na concepção romana. Não pelo que faziam, ou pelo que seu mestre havia feito. Não eram uma ameaça, reconheçe Plínio, ou um perigo a qual o estado deveria se ocupar, orienta Trajano. Seu verdadeiro crime era o que deixavam de fazer: adorar os deuses do estado quando solicitados. E isso era especialmente lembrado em situações de crise e calamidade.

Referências Bibliográficas:
[1] Paula Frederiksen (2006), Christians in the Roman Empire, The First Three Centuries AD, in David Porter (2006), Blackwell Companion to the Roman Empire, fl. 602
[2] Graeme Clarke (2005), "Third-century Christianity" in Alan K. Bowman, Peter Garnsey and Averil Cameron (Eds). "The Cambridge Ancient History: The Crisis of Empire, A.D. 193-337", fls. 616-624. Draft version disponível online em http://people.vanderbilt.edu/~james.p.burns/chroma/saints/Persecution.html
[3] Tacito, Anais 15:44; Suetônio, A Vida dos Doze Césares, Nero 16:2; Tertuliano, Apologia 5:4
[4] Herbert W. Benario, Nero In: De Imperatoribus Romanis:An Online Encyclopedia of Roman Rulers and their Families, http://www.roman-emperors.org/nero.htm, acesso em 18.08.2010
[5] Justo L. Gonzalez Uma História Ilustrada do Cristianismo, Volume I, "A Era dos Mártires", fls. 57-60; ver também Suetônio, A Vida dos Doze Cézares, De Vita Domitian, 12.:2 e 17; Cassio Dio, Historia Romana, 67:4.
[6] Tertuliano, Apologia, Capítulo V, versos 4 a 7, http://www.tertullian.org/brazilian/apologia.html#5
[7] Maurice Crouzet, Historia Geral das Civilizações, Volume 4 - Roma e Seu Império
[8] John Dominic Crossan e Jonathan Reed (2004), Em Busca de Paulo, fl. 236
[9] John Dominic Crossan e Jonathan Reed, Em Busca de Paulo, fl. 230-231
[10] Paula Frederiksen, Christians in the Roman Empire in the First Three Centuries ...., fls. 601
[11] Stephen Benko (Stephen Benko, Pagan Rome and Early Christian, fl. 1; Justino Martir, 2ª Apologia, Capítulo 2
[12] Graeme Clarke (2005), "Third-century Christianity" ..... fl. 638
[13] Paula Frederiksen, Christians in the Roman Empire in the First Three Centuries ...., fls. 602
[14] John Dominic Crossan e Jonathan Reed, Em busca de Paulo, fl. 234

9 comentários:

informadordeopiniao disse...

Graande Nehemias! Mais uma vez, uma valiosíssima contribuição.

Meu chapa, existe algumas questões que me intrigam nesta temática. Assim, a gente entende a dificuldade de trabalhar em história porque predominam as fontes ligadas aos poderes oficiais, os arquivos de Estado, dos interesses do Estado e quem se investe do Estado.

Considerando isto, será que não chegava nada, mesmo que por denúncia de cidadãos, ou mesmo judeus particulares com algum litígio com cristãos, acerca dos diversos elementos simbólicos visceralmente antiimperiais na teologia, devoção e expectativa escatológica do cristianismo nascente? Penso em Paulo, Lucas, Marcos, Apocalipse, e isto considerando que o que temos é apenas uma ponta do iceberg da pregação de então, podemos pensar também que existiriam na pregação de outros cristãos, dos demais apóstolos, etc.

Nehemias disse...

Rodrigo,

Jesus foi crucificado com o explosivo título de Rei dos Judeus. Os evangelhos vivem mencionando o "Reino de Deus", então, nesse angulo, tinha um elemento revolucionário desde o início.

No entanto, existem as exortações Paulo a obedecer as autoridades, a denúncia e crucificação de Jesus e mostrada como uma artimanha dos principais sacerdotes. Da mesma forma, em Atos, todas as vezes em que as autoridades romanas encontram-se com os cristãos eles são absolvidos.

Há também questão de caráter prático, você é um oficial romano. Vc lê os textos cristãos e vê todas essas coisas estranhas, e fica com a pulga atrás da orelha. Mas ai vc prende um cristão, enche ele de chicotada, tortura, e o que vc encontra: "que o Senhor Jesus, cumprindo as escrituras, voltará segunda vez com grande poder e glória, no fim dos tempos". Me vem a mente agora Domiciano interrogando os parentes de Jesus:

"These were informed against, as belonging to the family of David, and Evocatus brought them before Domitian Caesar: for that emperor dreaded the advent of Christ, as Herod had done. So he asked them whether they were of the family of David; and they confessed they were. Next he asked them what property they had, or how much money they possessed. They both replied that they had only 9000 denaria between them, each of them owning half that sum; but even this they said they did not possess in cash, but as the estimated value of some land, consisting of thirty-nine plethra only, out of which they had to pay the dues, and that they supported themselves by their own labour. And then they began to hold out their hands, exhibiting, as proof of their manual labour, the roughness of their skin, and the corns raised on their hands by constant work. Being then asked concerning Christ and His kingdom, what was its nature, and when and where it was to appear, they returned answer that it was not of this world, nor of the earth, but belonging to the sphere of heaven and angels, and would make its appearance at the end of time, when He shall come in glory, and judge living and dead, and render to every one according to the course of his life. Thereupon Domitian passed no condemnation upon them, but treated them with contempt, as too mean for notice, and let them go free. At the same time he issued a command, and put a stop to the persecution against the Church. When they were released they became leaders of the churches, as was natural in the case of those who were at once martyrs and of the kindred of the Lord. And, after the establishment of peace to the Church, their lives were prolonged to the reign of Trajan. Eusebius of Caesarea, Historia Ecclesiae, 3:20"

E ai vc vê ós judeus se revoltando, por causa de supostos "Messias", e os cristãos sempre na deles, quietos. Então o nosso oficial romano chega a conclusão que os caras, pelo menos nesse aspecto, não eram uma ameaça. Podiam ser um bando de malucos, ou seguidores de uma superstição sem pé nem cabeça, ou um bando de pobres coitados, mas não uma ameaça, não para a poderosa Roma.

Nehemias

informadordeopiniao disse...

Oi Nehemias,

mas ainda assim, a passagem de Romanos 13 tem uma questão de deslegitimar a obediência às autoridades enquanto seu principal discurso de legitimação, a prerrogativa divina, pois remete a legitimação ou não delas à divindade judaica. E o conteúdo como um todo da carta tem a ver com que, o verdadeiro senhor do mundo seria Jesus, ele que traria paz, etc., não o império. O próprio estilo de vida apregoado seria um desafio às estruturas sociais que dava estabilidade ao império enquanto tal. E mesm a participação-chave dos sacerdotes, não diminuiu o fato de que fora uma condenação romana a um subversivo, executado na pena mais politicamente carregada, e o tal era reverenciado como Deus, e ainda se dizia dele que ele que era o verdadeiro senhor sobre a vida e a morte, não César.
Eusébio, temos que ter cuidado, porque o propósito dele justamente era apresentar um cristianismo passivo de ser domesticado à Roma.

Não chego a conceber a influência tanto em termos de leitura por parte dos romanos, mas expressões que deveriam ter contato. Atos, bem, Atos fora um recorte, com focos específicos diante de todo aquele contexto e muita coisa que ocorrrera nele.

Não imagino o cristianismo instigando uma revolução aberta, mas imagino que, sim, na esfera devocional, ética, escatológica, seu sentido era subversivo À toda estrutura legitimadora de César e Roma, e com muita cautela, imagino que tal seria muito bem farejado pelos romanos...

Nehemias disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Nehemias disse...

Rodrigo,

Veja bem, acho que o ponto aqui é quantitativo e não qualitativo.

Eu e vc concordamos que o evangelho tinha elementos revolucionários e perturbadores da ordem estabelecida. Pregava um Reino, que podia não ser terreno, mas era um reino. Jesus foi crucificado como Rei dos Judeus. Os cristãos se recusavam a adorar o Imperador e os deuses do estado e locais. Ou seja, era perturbador para as autoridades romanas, principalmente as mais tradicionalistas.

Isso, na minha opinião, levou as primeiras perseguições. com Nero e Domiciano. Isso, também, foi o motivo que fez Plinio iniciar um Inquérito tão detalhado sobre o culto.

Contudo, a medida que o tempo foi passando, a "curva de aprendizado" das autoridades romanas foi se desenvolvendo. Primeiro, mesmo após detalhadas investigações Plínio não conseguiu encontar algo "palpável", tal como agitação revolucionária, sedição, ataque violento ao ordenamento social. É claro que tem todos aquelés elementos perturbadores que nós já falamos, mas risco, ameaça, para a ordem do Império, tanto local, quanto global, não havia. E se não havia, porque gastar tempo e recursos do Império com eles?

Segundo, nossas fontes do início do seculo II, Plínio, Suetônio e Tácito, chamam o cristianismo de superstição, "depravada", "mortal", "nova"... Porque não é dito. Plínio afirma que os cristãos faziam até juramento de não fazer o mal, se reunião para comer uma refeição "comum e inocente"; Tácito apesar de afirmar que os cristãos mereciam castigo exemplar, diz que eles eram inocentes do ataque a Roma. Ou seja, mesmo fontes hostis ao cristianismo, escritas por proconsules e senadores que certamente sabiam identificar o fogo a partir de um leve cheiro de fumaça, não conseguiram apontar um crime objetivo, um risco imediato ao estado. A única coisa que sobra é que o cristianismo era uma "superstição" "nova" e "prada" (perigosa), perigosa provavelmente por ser nova.

Foi nesse contexto que eu citei Eusebio, como poderia ter citado Justino, ou Tertuliano. Vc tem um Imperador (mas podia ser um governador ou um oficial menor), que fica perturbado com gente falando de Reino,(logo onde, na Judéia), Casa de Davi... Ai vc chama os caras para "conversar", ai vc encontra simples fazendeiros, com maõs cheias de calos, pele endurecida, pobres (pois seu recursos é apenas a terra que possuiam), e um discurso "estranho" de Reino celestial, que apareceria nos últimos tempos. Não pareciam revolucionários.

Claro vc pode executa-los. Mas porque gastar tempo com eles, persegui-los, se vc já sabe que não eram uma ameaça?

Abs,
Nehemias

informadordeopiniao disse...

Nehemias, até concordo que uma postura de ridicularização dos cristãos, por ex., falando em "ressurreição do corpo" de um crucificado e de todas pessoas serviria para o império ter uma postura mais complacente. Juntando a isso o fato de não andarem armados, serem pacifistas, etc. E também, a questão messiânica deles, já resolvida pela crença em Jesus como o tal, os faria diferir da postura judaica.
Mas eu imagino que o que falei do "cheiro de subversão" nos seus símbolos, etc., poderia vira e mexe atrair a atenção de Roma.

Abçs

Ivani Medina disse...

Quando iniciei minha pesquisa diletante acerca da origem do cristianismo, eu já tinha uma ideia formada que pode parecer esdrúxula: a perseguição aos judeus. Portanto, nada de Bíblia, teologia e história das religiões. Todos os que haviam explorado esse caminho haviam chegado à conclusão alguma. Contidos num cercadinho intelectual, no máximo, sabiam que o que se pensava saber não era verdade. É isso o que a nossa cultura espera de nós, pois não tolera indiscrições. Como o mundo não havia parado para que o Novo Testamento fosse escrito, o que esse mesmo mundo poderia me contar a respeito dessa curiosidade histórica? Afinal, o que acontecia nos quatro primeiros séculos no mundo greco-romano, entre gregos, romanos e judeus? Ao comentar o livro “Jesus existiu ou não?”, de Bart D. Ehrman, exponho algumas das conclusões as quais cheguei e as quais o meio acadêmico de forma protecionista insiste ignorar.

http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/paguei-pra-ver

https://www.youtube.com/watch?v=juCACLom5IA

Unknown disse...

PARTE 1 ►

A biblia até cita q o imperador Claudio expulsou os judeus de Roma [Atos 18:2] (ainda q expulsão nao seja mesmo q perseguição; e foi movido por questoes de cidadania e noa de religião). Curioso q tirando esse fato os os cristaos nao mencionam mais a perseguição a judeus. Judeus tb, pela mesma logica q cristaos usam sobre nao adorar deuses romanos pagãos, deveriam ser perseguidos e mencionados pela historia ja q tb eram monoteistas e anti-idolatras. Mas há poucas referencias no decorrer da historia da Roma pagã...

► MITO PERSEGUIÇÃO AOS CRISTÃOS


♦ https://bibliot3ca.wordpress.com/os-primeiros-cristaos-foram-realmente-perseguidos

♦ https://www.youtube.com/watch?v=zdMEBDv6vG8

♦ The Myth of Persecution: How Early Christians Invented a Story of Martyrdom (“O mito da perseguição: como os primeiros cristãos inventaram uma história de martírio”) - Candida Moss

♦ Romanos praticavam o principio do direito ❝Deorum offensae diis curae❞ ("Somente os deuses devem ocupar-se das ofensas feitas aos deuses") >> o q determinava q os deuses deveriam se defender e nao através de pessoas pra perseguirem outros. Nem deram importancia pra questoes de rixas religiosas qdo Paulo teria sido criticado pela multidão de judeus durante seu julgamento; romanos só se importavam em manter ordem publica do Imperio:

— Atos 25:14-19 [...] 25:24-26:9 [...] 26:20-32

Como se demorassem ali muitos dias, Festo expôs ao rei o caso de Paulo: Félix deixou preso aqui um certo homem. Quando estive em Jerusalém, os sumos sacerdotes e os anciãos dos judeus vieram queixar-se dele comigo pedindo a sua condenação. Respondi-lhes que não era costume dos romanos condenar homem algum, antes de ter confrontado o acusado com os seus acusadores e antes de se lhes dar a liberdade de defender-se dos crimes que lhes são imputados. Compareceram aqui. E eu, sem demora, logo no dia seguinte, dei audiência e ordenei que conduzissem esse homem. Apresentaram-se os seus acusadores, mas não o acusaram de nenhum dos crimes de que eu suspeitava. Eram só desavenças entre eles a respeito da sua religião, e uma discussão a respeito de um tal Jesus, já morto, e que Paulo afirma estar vivo. [...]

Unknown disse...

PARTE 2 ►

[...]

Festo tomou a palavra: Ó rei, e todos vós que estais aqui presentes, vedes este homem contra quem os judeus em massa e com grandes gritos vieram reclamar a morte, tanto aqui como em Jerusalém. Mas tenho averiguado que ele não fez coisa alguma digna de morte. Entretanto, havendo ele apelado para o imperador, determinei remeter-lho. Mas dele não tenho nada de positivo que possa escrever ao imperador, e por isso mandei-o comparecer diante de vós, mormente diante de tua majestade, para que essa audiência apure alguma coisa que eu possa escrever. Pois não me parece razoável remeter um preso, sem mencionar ao mesmo tempo as acusações formuladas contra ele. Agripa disse a Paulo: Tens permissão de fazer a tua defesa. Paulo então fez um gesto com a mão e começou a sua justificação: Julgo-me feliz de poder hoje fazer a minha defesa, na tua presença, ó rei Agripa, de tudo quanto me acusam os judeus, porque tu conheces perfeitamente os seus costumes e controvérsias. Peço-te, pois, que me ouças com paciência. Minha vida, desde a minha primeira juventude, tem decorrido no meio de minha pátria e em Jerusalém, e é conhecida dos judeus. Sabem eles, desde longa data, e se quiserem poderão testemunhá-lo, que vivi segundo a seita mais rigorosa da nossa religião, isto é, como fariseu. Mas agora sou acusado em juízo, por esperar a promessa que foi feita por Deus a nossos pais, e a qual as nossas doze tribos esperam alcançar, servindo a Deus noite e dia. Por essa esperança, ó rei, é que sou acusado pelos judeus. Que pensais vós? É coisa incrível que Deus ressuscite os mortos? Também eu acreditei que devia fazer a maior oposição ao nome de Jesus de Nazaré. [...] Preguei primeiramente aos de Damasco e depois em Jerusalém e por toda a terra da Judéia, e aos pagãos, para que se arrependessem e se convertessem a Deus, fazendo dignas obras correspondentes. Por isso, os judeus me prenderam no templo e tentaram matar-me. Mas, assistido do socorro de Deus, permaneço vivo até o dia de hoje. Dou testemunho a pequenos e a grandes, nada dizendo senão o que os profetas e Moisés disseram que havia de acontecer, a saber: que Cristo havia de padecer e seria o primeiro que, pela ressurreição dos mortos, havia de anunciar a luz ao povo judeu e aos pagãos. Dizendo ele essas coisas em sua defesa, Festo exclamou em alta voz: Estás louco, Paulo! O teu muito saber tira-te o juízo. Paulo, então, respondeu: Não estou louco, excelentíssimo Festo, mas digo palavras de verdade e de prudência. Pois dessas coisas tem conhecimento o rei, em cuja presença falo com franqueza. Sei que nada disso lhe é oculto, porque nenhuma dessas coisas se fez ali ocultamente. Crês, ó rei, nos profetas? Bem sei que crês! Disse então Agripa a Paulo: Por pouco não me persuades a fazer-me cristão! Respondeu Paulo: Prouvera a Deus que, por pouco e por muito, não somente tu, senão também quantos me ouvem, se fizessem hoje tal qual eu sou... menos estas algemas! Então o rei, o governador, Berenice e os que estavam sentados com eles se levantaram. Retirando-se, comentavam uns com os outros: Esse homem não fez coisa que mereça a morte ou prisão. Agripa ainda disse a Festo: Ele poderia ser solto, se não tivesse apelado para César.

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    Este blog tem como objetivo central a postagem de reflexões críticas e pesquisas sobre religiões em geral, enfocando, no entanto, o cristianismo e o judaísmo. A preocupação central das postagens é a de elaborar uma reflexão maior sobre temas bíblicos a partir do uso dos recursos proporcionados pela sociologia das idéias, da história e da arqueologia.
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